Universidade do MinhoEscola de Engenharia Departamento de Inform´tica
  Equipa Ensino Pós-Graduações Projectos Publicações   pt | en
 
 
 
 

Filipe Sottomayor Costa Bastos - Mestrado

Orientador: José Francisco Creissac Freitas de Campos

Data de inicio: 2004-04

Término:

Titulo: Usabilidade na concepção de interfaces com o utilizador

Abstract:

O conceito de usabilidade é definido pela norma ISO DIS 9241-11 como a eficácia, eficiência e satisfação com que utilizadores específicos conseguem utilizar um determinado produto para atingir objectivos específicos num dado ambiente de utilização. No caso específico do software, a questão da usabilidade, existindo na fronteira entre os sistemas de software propriamente ditos, os seus utilizadores finais e o contexto em que estes interagem, torna-se uma questão multidisciplinar que abarca áreas tais como análise de sistemas, design, psicologia cognitiva e perceptual, sociologia, factores humanos, teoria das organizações, ciências da computação ou engenharia do software.

O estudo das questões ligadas à usabilidade dos sistemas remonta ao início do sec. XX, tendo sofrido um grande incremento com a disseminação do computador pessoal. Na década de 80 surge o termo Interacção Humano-Computador (IHC) para designar a área de conhecimento dedicada ao estudo da concepção (nota rodapé: o termo concepção é aqui utilizado como sinónimo do anglicismo 'design') e desenvolvimento das interfaces com o utilizador (ou, mais genericamente, dos sistemas interactivos). Actualmente é consensual considerar que o objecto de estudo da IHC não se limita ao processo de desenvolvimento das interfaces com o utilizador, mas abarca a análise e concepção de todo o processo de interacção entre os utilizadores, o software e o contexto em que estes interagem (Dix et al. 2004). Esta visão contrasta com a visão típica da engenharia de software, em que o termo concepção (design) se refere deinição da estrutura interna do sistema (SWEBOK 2001, Capítulo 3). Na verdade a IHC e a engenharia de software, apesar de ambas relevantes para o desenvolvimento de sistemas interactivos, tiveram uma evolução paralela e em grande medida independente. O Software Engineering Book of Knowledge (SWEBOK 2001), por exemplo, considera a concepção de interfaces com o utilizador como uma área relacionada (mas distinta) da engenhariade software, não fazendo menção ao tema da concepção da interacção ou da área de IHC.

Algumas metodologias tem vindo a ser propostas para o desenvolvimento de sistemas interactivos, tendo por base a obtenção de bons níveis de usabilidade dos produtos finais. A título de exemplo podem citar-se User Engineering (Berry et al. 2003), Human-Centered Design (ISO 13407), ou Usage-Centered Design (Constantine & Lockwood 1999, Constantine & Lockwood 2002). No entanto, na prática, a sua aplicação tem sido limitada. Isto tem levado a reconhecidas dificuldades a nível da qualidade da interacção entre os utilizadores e o software, uma vez que muitas vezes os sistemas desenvolvidos não obedecem a requisitos de usabilidade adequados (Hollnagel 93, MacKenzie 94, Mayhew 1999).

Não é muito comum a existência de publicações extensas sobre casos de estudo de desenvolvimento de software do ponto de vista da garantia de usabilidade (aqui, (Rosson&Carroll 2002) é um exemplo arealçar). Nos últimos anos, no entanto, tem vindo a ser desenvolvido um esforço de aproximação entre as áreas da Interacção Humano-Computador e da Engenharia do Software. Neste contexto, é de particular relevo a actividade do grupo de trabalho IFIP WG 2.7/13.4 (www.se-hci.org) que tem vindo a promover uma série de workshops dedicadas ao tema. Estes esforços advém do reconhecimento crescente do impacto negativo que falhas de usabilidade podem ter no sucesso de um sistema e da distância queainda separa as metodologias e técnicas utilizadas em cada uma das disciplinas.

Esta dissertação adoptará uma perspectiva de IHC, estudando métodos e técnicas para a concepção da interacção entre utilizadores e sistema software. De modo mais específico, e tomando como referência o esquema de processo de concepção e desenvolvimento de interacção apresentado em (Dix et al. 2004) (Requisitos; Análise; Concepção; Iteração e Prototipagem; Implementação e Instalação) a dissertação focar-se-á especialmente nas fases de Requisitos, Análise e Concepção, Iteração e Prototipagem. Deste modo não se procurará abordar neste trabalho a questão da implementação dos sistemas. Tal não significa que essa não seja uma área interessante e onde progressos significativos têm vindo a ser feitos. Trata-se, no entanto, de uma área complementar à que na dissertação se pretende abordar (cf. SWEBOK). Procurar-se-á, ainda assim, fazer a ponte para a engenharia de software através do diálogo com os engenheiros que desenvolverão os produtos de acordo com os requisitos/modelos definidos.